Às vezes, parece que investir virou uma corrida de tendências. Um setor ganha popularidade, notícias explodem, gráficos disparam e, antes que você perceba, metade dos investidores está comentando sobre veículos elétricos, inteligência artificial, hidrogênio verde ou o futuro do envelhecimento populacional.
Mas como não se desequilibrar nesse movimento de moda? Como pegar carona em inovações sem cair na armadilha do excesso de entusiasmo?
Esse cuidado e clareza são a base do EconoMinuto: queremos que o leitor entenda o jogo por trás dos ETFs temáticos. Nada de fórmulas mágicas, só conhecimento simples para tomar escolhas firmes.
O que são os ETFs temáticos, afinal?
De forma simples, um ETF temático é um fundo negociado em bolsa que investe em empresas ligadas a um tema ou narrativa. Não é o tradicional fundo que replica um índice geral, como o Ibovespa ou o S&P 500. Ele centra sua mira em uma ideia principal: inteligência artificial, energias limpas, biotecnologia, defesa, mudanças climáticas, tendências demográficas e por aí vai.
É como apostar em uma história, não apenas em um mercado.
Seus temas são limitados?
Não. O mundo dos ETFs temáticos cresce de acordo com a criatividade: robótica, carros autônomos, metaverso, sustentabilidade, blockchain, saúde do futuro, desenvolvimento urbano, biotecnologia e muitos outros. Se existe uma tendência relevante, provavelmente já há um ETF focado nela.
Como eles surgiram?
Lá atrás, em meados dos anos 2010, o investidor médio já poderia comprar ETFs amplos que seguiam índices tradicionais. Afinal, essa democratização abriu as portas para pequenos e grandes patrimônios terem, em minutos, uma carteira bem diversificada no mundo todo. Só que, com o tempo, a busca por retornos diferenciados e por “investimentos com propósito” fez nascer um novo tipo de fundo: os temáticos.
Pegaram o melhor dos dois mundos: facilidade do ETF aliada à possibilidade de focar em tendências que poderiam transformar setores inteiros.

Por que tanta gente começou a olhar com atenção para esses fundos?
De 2024 a 2025, o universo dos fundos temáticos tomou proporções inéditas. O crescimento desse segmento foi notório, alcançando investidores institucionais e indivíduos que, digamos, desejam navegar por novos mares sem precisar escolher empresa a empresa.
Os números não mentem: só nesses anos, dezenas de ETFs de setores ganharam listagem em múltiplas bolsas, com foco nos mercados de tecnologia, saúde e até geopolítica. Em muitos momentos, o volume investido nesses fundos superou os ETFs tradicionais de geografias amplas por semanas seguidas.
O motivo? Gente de alto patrimônio (principal público do EconoMinuto) se cansou de seguir apenas a média do mercado. Procurou histórias, inovação, transformações, tudo sem precisar virar “trader” ou especialista em cada ação individual.
Investir em tendências pode ser mais interessante do que apenas acompanhar o índice principal.
Como funcionam na prática?
Imagine que você acredita que o avanço da inteligência artificial será responsável por uma grande disrupção da economia. Não seria mais prático investir em um fundo negociado em bolsa que reúne as principais empresas globais ligadas ao desenvolvimento de IA? É aqui que entram os ETFs temáticos de IA.
- Esses fundos reúnem um conjunto de empresas globais alinhadas a um tema-chave.
- Geralmente, a gestão passa por critérios objetivos, como participação em receitas ou pertencimento a setores específicos.
- Por serem negociados em bolsa, você pode comprar e vender cotas como faria com qualquer ação listada.
- Os custos tendem a ser menores do que fundos de gestão ativa.
Parece simples, e de fato é.
Exemplo prático: qual a diferença em relação a um ETF amplo?
Veja só:
- ETF amplo: busca replicar um índice completo (Ibovespa, S&P 500, MSCI World). Você tem de tudo ali: bancos, siderúrgicas, tecnologia, consumo, energia...
- ETF temático: concentra sua carteira em uma narrativa (como infraestrutura verde, biotecnologia, setor de defesa, etc). As ações escolhidas estão todas ligadas diretamente ao tema do fundo.
No ETF amplo está todo tipo de setor; no temático, só quem carrega o DNA do tema.
Principais exemplos de fundos temáticos globais
Vamos falar de alguns dos exemplos mais recorrentes. Eles ajudam a ilustrar como cada narrativa cria sua própria carteira de apostas.
- iShares Robotics & AI ETF: Foca em ações ligadas à robótica avançada e inteligência artificial, como fabricantes de robôs industriais, desenvolvedores de software de automação e chips especializados. A ideia aqui é surfar o crescimento da automação em setores produtivos e de consumo.
- Global X Lithium & Battery Tech ETF: Investe em empresas do setor de lítio e tecnologia de baterias, favorecendo toda a cadeia de transição para veículos elétricos e armazenamento de energia limpa.
- ARK Innovation ETF: Um fundo conhecido por buscar empresas inovadoras em crescimento acelerado, das áreas de biotecnologia, internet das coisas, impressão 3D até genética.
Estes são só exemplos de como a segmentação pode funcionar sem precisar “apostar tudo em uma só carta”.

As grandes narrativas mais procuradas em 2024 e 2025
O crescimento dos ETFs temáticos coincide, curiosamente, com o avanço de certas discussões globais. Entre elas:
- Inteligência artificial: Os avanços recentes em IA generativa e automação elevaram empresas do setor à condição de destaque, tanto em valorização quanto em volume negociado de ETFs que se concentram nesse segmento.
- Energia limpa e baterias: O impulso pela descarbonização, acordos internacionais e os incentivos à transição energética tornaram os fundos de renováveis e baterias ainda mais populares.
- Saúde e biotecnologia: O envelhecimento populacional em economias desenvolvidas moveu capital para ações de empresas de cuidados com idosos, hospitais privados, farmacêuticas e biotecnológicas.
- Defesa e segurança: Com o aumento de tensões internacionais, fundos ligados a defesa, tecnologia militar e cibersegurança ganharam relevância inédita.
- Tendências demográficas: Fundos de “megatrends” investem em mudanças do perfil do consumidor, crescimento das cidades, urbanização e novas demandas populacionais.
Se você está se perguntando se algum desses temas resistirá ao tempo, precisa considerar que o mundo está em transição acelerada. As narrativas mudam. Algumas avançam por décadas, outras esgotam energia rápido.
O desafio real é separar o que é moda do que pode mesmo transformar mercados.
Por que o investidor sofisticado está migrando para ETFs de tendências?
Eu vejo três grandes motivos recorrentes:
- Crescimento potencial superior: Muitas temáticas têm chance de entregar valorização acima da média se realmente “pegarem tração” no mundo real.
- Exposição a inovação: O investidor busca participar das próximas ondas de transformação sem precisar selecionar uma a uma as empresas vencedoras.
- Senso de propósito: Muitos querem investir junto com sua visão de futuro, apostando em renováveis, saúde, automação e tecnologia que alavanque o bem-estar humano.
Mas, antes de seguir, vale lembrar: querer o novo é natural, porém, equilibrar é obrigatório.

Vantagens dos ETFs temáticos
- Facilidade de acesso: Com poucos cliques, o investidor se expõe a dezenas ou centenas de empresas ligadas a uma determinada narrativa.
- Gestão profissional dos critérios de seleção: Você não precisa ser especialista para escolher as empresas que entram no fundo, pois há regras objetivas, claras e auditáveis.
- Liquidez: Por serem negociados em bolsa, oferecem compra e venda instantânea dentro do horário de negociação.
- Potencial de retorno diferenciado: Caso o tema “decole”, o retorno pode ser expressivo e bem acima de fundos tradicionais.
- Investimento internacional fácil: Muitos ETFs temáticos dão acesso a mercados globais, permitindo que brasileiros e estrangeiros diversifiquem as geografias com um só produto.
Riscos e desvantagens
Nem tudo é tão linear quanto parece. O investidor precisa conhecer os riscos antes de mergulhar:
- Alta concentração: O fundo pode ter dezenas de ações, mas quase todas ligadas a um setor. Isso aumenta a volatilidade e a sensibilidade a notícias negativas.
- Risco de virar moda passageira: Caso o tema não mostre crescimento de verdade, ou enfrente entraves regulatórios, o fundo pode perder valor rapidamente.
- Menor diversificação real: Comparado a ETFs amplos, a exposição a um único tema restringe o amortecimento de perdas se o setor passar por uma crise específica.
- Fator cambial: Muitos ETFs temáticos são internacionais, trazendo para o investidor o risco (e possível benefício) da variação do dólar ou euro.
- Rotatividade das empresas: O tema pode ser moderno por alguns anos, mas perder relevância depois. Os ativos dentro do ETF mudam ao longo do tempo, e nem sempre para melhor.
Não é porque um fundo temático existe que ele é uma boa escolha o tempo todo.
Como encaixar ETFs temáticos na carteira de investimentos?
Talvez, o maior dilema não esteja em “qual tema” seguir, mas sim em “como” encaixá-lo num portfólio já estruturado. Afinal, ninguém quer transformar uma carteira sólida em uma aposta direcionada demais, esse erro é mais comum do que parece.
Uma questão de equilíbrio
Veja, equilibrar é usar a cabeça mesmo quando o coração vibra com as novidades. Lógico que é tentador colocar tudo em IA ou energia limpa quando esses setores só sobem por meses. Só que coisas mudam. E rápido.
Aqui vão passos simples para ter ETFs temáticos sem perder o prumo:
- Use os temáticos como “satélites”: Eles não devem ser a fatia principal da carteira, e sim um tempero. Invista uma parcela pequena, entre 5% e 15%, dependendo do perfil.
- Mantenha um núcleo diverso: O grosso da carteira deve continuar em produtos amplos, que garantam proteção e resiliência mesmo quando algum setor desanda.
- Evite concentrar em um só tema: Mesmo gostando muito de um segmento, espalhe entre diferentes narrativas. Misture IA, energia limpa, saúde, segurança e inovação em pequenas doses.
- Olhe o longo prazo: Não entre comprado só porque um tema está “bombando” nas redes. As tendências podem demorar para entregar os resultados prometidos.
Um exemplo para ilustrar
Imagine uma carteira com 60% em ETFs amplos globais, 30% em títulos de renda fixa e, aí sim, até 10% divididos em três fundos temáticos de setores diferentes. Isso mantém o risco controlado, mas permite buscar retornos acima da média se alguma tendência realmente decolar.
Equilíbrio não é ficar parado, é saber como e quanto avançar.

Cuidados ao escolher um ETF temático
Se você chegou até aqui, talvez já esteja convencido das possibilidades. Antes de agir, faça um checklist:
- Leia o regulamento: Entenda qual critério define a seleção das empresas. É por faturamento, relevância tecnológica, patentes ou outros aspectos?
- Verifique a liquidez: Procure fundos que realmente tenham volume negociado diário significativo, para não ficar refém de spreads altos.
- Avalie custos: Custos podem parecer baixos em ETFs, mas taxas de administração mais elevadas aparecem em alguns fundos muito nichados.
- Veja a rotatividade: Prefira ETFs que tenham reequilíbrio periódico, mas não troquem empresas o tempo todo (isso pode consumir parte do retorno).
- Cheque a exposição geográfica: Alguns fundos têm maioria de empresas em um país, e isso tira o mérito da diversificação.
Se bater dúvida, procure informação de qualidade e imparcial. É com esse tipo de orientação que o EconoMinuto se propõe a ajudar quem quer investir com propósito e visão de longo prazo.
Como montar sua estratégia pessoal de ETFs de tendências
A estratégia perfeita não existe. Mas existe aquele caminho que equilibra desejo por inovação e preservação patrimonial.
- Defina a parcela de “apostas em tendências”: Repare no tamanho do seu patrimônio e, honestamente, defina quanto está disposto a arriscar em setores que podem oscilar.
- Escolha temas que realmente conhece: Não aplique em tendências apenas porque estão “em alta nas notícias”. Estude, entenda quem são as maiores empresas, quais fatores determinam seus resultados.
- Diversifique entre temas diferentes: Se decidir investir em setores, misture pelo menos dois a três temas. Assim, você se protege de decepções pontuais.
- Reavalie com frequência: Tendências mudam. Vale revisar, pelo menos uma vez por ano, quais temas estão crescendo e se algum já não faz mais sentido.

Comparando ETFs temáticos com outros tipos de fundo de índice
Às vezes, o jeito mais simples de entender é comparar. Veja como o ETF temático se diferencia de outros fundos de índice:
- ETFs amplos dão uma exposição diversificada: o objetivo é acompanhar o mercado como um todo. Menor volatilidade, rendimento mais estável, menos surpresas.
- ETFs setoriais miram apenas um segmento da economia (como bancos, petróleo, tecnologia, etc.), mas podem ser menos amplos que os tradicionais, e menos específicos que os temáticos.
- ETFs temáticos focam em ideias, narrativas ou megatendências. Não estão amarrados a limites geográficos nem a setores tradicionais. O tema conecta diferentes tipos de empresas – desde grandes big techs até startups que ninguém conhecia há pouco tempo.
Amplo é estabilidade; temático é ousadia controlada.
Quando vale, e quando não vale a pena entrar nessa onda?
Saber o “porquê” e o “para quê” do investimento costuma ser mais importante que o “quanto rendeu mês passado”.
Se você tem curiosidade, paciência, e quer buscar retorno extra por algumas décadas (mas aceita oscilações), não é ruim reservar pequena parte do dinheiro em tendências. Agora, se não suporta perdas temporárias, ou precisa do dinheiro em poucos anos, talvez seja melhor deixar essas aventuras um pouco de lado.
No fundo, não existe certo ou errado, cada investidor encontra o próprio caminho dentro do universo das tendências.

Resumo do investidor atento
Então, se fosse preciso resumir em poucas linhas:
- Os ETFs temáticos permitem apostar em grandes tendências, investindo de forma simples em várias empresas do mesmo tema.
- Trazem possibilidade de retornos acima da média, mas, claro, com riscos maiores e menos diversificação que os ETFs amplos.
- O segredo está no equilíbrio: pequenas fatias, como complemento, nunca deixá-los como coração da carteira.
- Estude bem o tema, leia o regulamento, e priorize liquidez e diversidade real.
- Reavalie a estratégia todo ano. O mundo muda rápido.
O EconoMinuto acredita que investir é construir futuro, não buscar atalhos. Navegue de modo informado, atento e sem perder o passo. Quer dar o próximo passo na construção de um portfólio mais alinhado às megatendências? Descubra os conteúdos exclusivos do EconoMinuto e aprofunde sua visão de patrimônio inteligente.
Invista com propósito. Invista com conhecimento.
Perguntas frequentes sobre ETFs temáticos
O que é um ETF temático?
Um ETF temático é um fundo negociado em bolsa que investe em ações de empresas ligadas a uma narrativa específica, como inteligência artificial, energia limpa, saúde, defesa ou megatendências demográficas. Ele difere dos ETFs tradicionais porque não se preocupa em replicar um índice amplo, mas sim compor uma carteira atrelada a um grande tema de transformação global.
Como investir em ETFs temáticos?
O investimento em ETFs temáticos acontece pelo home broker da sua corretora, assim como a compra de ações. Basta pesquisar o código do ETF, analisar o tema e suas regras de seleção e, se decidir avançar, comprar as cotas normalmente. É recomendável que esse tipo de fundo represente apenas uma pequena parcela da carteira, para equilibrar risco e potencial de retorno.
Vale a pena investir em ETF temático?
Depende do perfil e do objetivo. Eles permitem aproveitar tendências inovadoras e buscar retornos diferenciados, mas também trazem maior volatilidade e risco de concentração. Não são recomendados para todo o patrimônio, e sim como complemento. Quem tem visão de longo prazo e aceita oscilações pode se beneficiar desse tipo de investimento, desde que mantenha equilíbrio na carteira.
Quais são os melhores ETFs temáticos?
Os ETFs mais conhecidos internacionalmente incluem iShares Robotics & AI (robótica e inteligência artificial), Global X Lithium & Battery Tech (baterias e energia limpa) e ARK Innovation (inovação disruptiva). Cada um foca em uma grande tendência. No entanto, o “melhor” ETF depende do que faz sentido para sua estratégia, perfil de risco e visão de futuro. O segredo é buscar temas que você realmente compreenda.
Onde encontrar ETFs temáticos no Brasil?
No Brasil, alguns ETFs temáticos já estão disponíveis na B3, especialmente focados em tecnologia, ESG e megatendências globais. Também é possível acessar diversos ETFs internacionais por meio de corretoras que oferecem BDRs de fundos (Brazilian Depositary Receipts). Sempre consulte sua corretora sobre quais produtos estão disponíveis e como realizar a compra.